Trinta anos

à Izildinha


trinta anos 

não pelo tempo impassível indiferente

mas pela memória mesmo que falha

pelas paixões que os olhos julgaram

pelos desatinos e arrependimentos

pela vida densa e amante

 

do caminho nos campos vencidos

não fosse a romaria confessa dos dias

a imensidão do cenário velaria acertos e erros

despojos rendidos e abandonados

dores que não marcaram condição 

e a felicidade que decidiu cada passo

 

a ausência dos filhos

as noites de família na sala

a vida em abundância não superou tanto

mas a casa não ficou grande

a solidão pretensa sequer se atreveu

preenchemos cada canto se pares 

 

trinta anos 

persiste o atrevimento

o ultimo beijo tão próximo do primeiro

a energia ainda nos toma

a cumplicidade segue perene e alcoviteira

tece cada segredo e trama o amor