Motocontínuo


a cama que me cospe cada manhã

me cospe há tanto tempo que não penso

se penso logo existo, talvez pense

talvez apenas siga o cotidiano

 

os dias se repetem sempre ausentes

contidos na engrenagem da mecânica

e no tempo tão curto de uma vida

se perdem na rotina que aprisiona

 

por onde andam as ruas se silentes

por onde andam as cores se profanas

estão cinzas no cenário indiferente

 

banal que não surpreende e pouco resta

nada além do pão nosso que limita

e o dia apenas roda e se repete

e se repete

e se repete

e se repete...



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