O tudo e o nada


nem tudo começa ou finda

mas se finda

o tudo depois de tanto é o nada

se é que um nada há

 

a morte simplesmente encerra

ceifa árida e fria

o sopro se esvai

resta o olhar quedo no repente

 

o corpo tão testemunha de tudo 

na ausência deixa de ser

a obra o tempo devora se rala

como a lenda na memória se banal

 

um fim pequeno e tolo

não uma estrela no céu

mesmo com o esplendor de uma vida

não há como morrer sem a igualdade da morte

 

o tempo segue arredio 

à manada a deriva se pluma do dente de leão

vagar basta indiferente ao arrebanho dos dias

e se persevera pelos genes a insistir na espécie

 

o poeta apenas observa a trama

limitado nos sentidos

pelas respostas que não tem

como todo poeta 



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