chapéu de feltro puído, aba curta e sincero
o gorgorão desfiado na banda e manchado
do suor retido pela carneira a cingir
uma calva escondida na copa vincada
a gordura do aperto dos dedos no topo
por onde o chapéu roto era sempre ajeitado
barba sépia de dias escondendo os vincos
se o alcatrão do cigarro de palha a tingiu
olhos de águas marinhas quem sabe da bota
nariz quebrado e torto a compor a tristeza
num rosto onde o tempo marcou cada dia
talvez a solidão fosse sua maior dor
na bochecha saltava um caroço à esquerda
que marcava a figura solitária e arredia
calça acima do umbigo mostrando a canela
cinto de couro sobre os passantes rompidos
e os sapatos surrados que sem os cadarços
acomodavam os calos nos pés andarilhos
e no balcão de mármore branco da antártica
do bar São Luiz na esquina do beco do Alípio
se encostava indolente à procura de alguém
que generoso fosse e gentil convidasse
gole molhando a goela seca a esperar outro
não sem ter que escarrar a saliva que ardia
na Senador Feijó de paralelepípedos
no largo da Matriz de todos os festejos
a vila viveu até exaurir os seus dias
na lápide perdida sob o musgo úmido
onde Domingos Bózio sequer tem seu nome
a vila descansou junto de seus bastardos
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