quero uma pracinha assim
não qualquer, mas num canto
igual a da Cora no Itaim
uma ilha na rua, um triângulo de flores
uma placa no caminho do olhar
quero o mesmo carinho que desfaz
o insano dos carros naquela esquina
e se me rendo a Cora Coralina
é porque a paz que me isola então
vem de quem usou na vida a doçura pra ser
quero na praça rosas vermelhas
que as tomem e reatem um amor perdido
e escondam um poema numa lembrança
que sejam mais que palavras
e menos que o amor
quero meu coração gravado
numa pedra qualquer do chão da Cotia
da terra que encerra a minha alma
de amores que moldaram o meu coração
das desilusões que afinal também são vida
quero que um poeta leia o meu nome
como eu leio o da Cora ao passar
e também escreva da minha praça
simples assim, pequenino e sentido
e de palavras que vão me lembrar