quantas saudades daqueles dias
dos braços longos no abraço seu
abraço enleado ainda aqui tão vivo
saudades dos dias irlandeses
das manhãs frias de Donabate
das águas geladas do estuário
saudades dos dias brasileiros
da areia cantante de Juquehy
do mar cúmplice de tantos risos
renego essa chuva intermitente
que vela um sol frágil e esquecido
nesse céu gris que encurta o horizonte
falsa negação que estas saudades
impõe ao pensamento sentido
e ao desamparo desta distância
saudades daquele olhar curioso
que nos buscava num vão da porta
e se unia a nós na cama quente
qual sono se o amor valia mais
se as cócegas eram mais importantes
e esse riso foi o nos restou
netos são nossos nem tanto assim
a si pertencem se vidas são
mas o que nos cabe nos faz falta
mas há o outro lado das saudades
se elas afligem também o trazem
........................................vovó e vovô