(um soneto antigo que encontrei entre meus papéis)
uma noite solta na mesa de um bar
e um blues a sussurrar velando as palavras
fora o frio marcava a vidraça de estrelas
nem vi aquela lua. Você estava comigo
a noite intrigada com a luz do seu rosto
o azul dos seus olhos. E havia o silêncio
de um segredo contido que eu encontrei
tão perdido naquele canto de boca
calado e atento o olhar seguiu as palavras
e as reticências insinuadas nas pausas
traziam um suspense mordente e injusto
então o fim sem lágrimas ou por quês
seguido de um longo e dorido vazio
caminhos cruzados onde ardem as paixões